Teste está morto parte 2

Como havia prometido, volto hoje ao tema abordado na semana passada. Tentarei destacar os principais pontos abordados no vídeo recomendado na parte 1. E antes de tudo, obrigado a todos pela participação no blog, na DFTestes e no Linkedin. A colaboração de vocês é fundamental para o enriquecimento da discussão.

A primeira grande contribuição do vídeo trata-se da abordagem inicial a evolução das metodologias de desenvolvimento e consequentemente as diferentes formas de atuação dos testadores. O palestrante, Alberto Savoia, a divide em dois grandes momentos: Old Testmentality e New Testmentality. Partindo da dependência completa dos documentos de requisitos, aos ciclos mais curtos das metodologias ágeis associados a uma maior integração entre desenvolvedores e testadores.

Durante a chamada Old Testmentality, as aplicações só eram entregues quando estivessem completamente “prontas”. Enquanto, que na New Testmentality, as entregas passaram a ser frequentes, exigindo uma participação constante do cliente na construção do “produto correto”.

Em seguida, Savoia começa a destacar os pontos que o levam a pensar que o teste tradicional está morto. Começando pelo o que ele chama de Post-Agile, a qual tem como diferencial o fato de apresentar uma postura mais casual e descuidada em relação aos testes ágeis tradicionais.

Segundo Savoia, a questão central cada vez mais é a construção do “produto correto” e não o simples desenvolvimento correto do produto ou das funcionalidades, ou seja, o objetivo é entregar um produto, que em primeiro lugar, atenda às necessidades dos usuários. Não basta ser apenas perfeito funcionalmente.

O palestrante nos lembra que de fato existem diversas aplicações fabulosas construídas utilizando os conceitos tradicionais, mas que a estrutura existente nos dias atuais, como a computação nas nuvens, permitem diminuir o foco da qualidade de software e transferi-lo para garantir que estamos construindo o produto CORRETO.

Um grande exemplo citado é o twitter, que tornou famosa sua baleia com a enormidade de vezes que deixava os usuários na mão, mas mesmo assim eles continuavam voltando, pois o produto era o desejado.

Nesse novo cenário, que se desenha, segundo Savoia, precisamos nos voltar para outro tipo de bug, o chamado idea bug, que podemos traduzir como bugs de conceito ou de idéia do produto.

Um produto errado é muito pior do que um produto com o comportamento errado.

A chave é testar a idéia, ou seja, garantir que estamos desenvolvendo o produto certo.

E como podemos testar a idéia?

A sugestão de Savoia é começarmos utilizando protótipos iniciais (pretotype), os quais ele diferencia dos protótipos tradicionais, por serem desenvolvidos e aplicados em curtos espaços de tempo. É fundamental testar cedo e falhar rápido, segundo o mesmo Bons testes falham rápido, diminuindo o tempo e o capital investido. (BdB – Os bons testes falham)

Alberto cita ainda alguns dos sinais observados, que o levam a crer no fim dos testes tradicionais.

Sinais do Testpocalypse:

– Diminuição no numero de contratações
– Comoditização dos testadores
– Saída dos antigos líderes e ausência de novos
– Mais e mais empresas partindo para o Post-Agile

Acompanhado essa corrente de mudanças existem enormes oportunidades. Savoia enfatiza a crescente necessidade do surgimento de novos líderes na área de testes, com uma mentalidade diferente, e que possam conduzir essa etapa de transição. Onde, como o mesmo aponta, ainda conviveremos por um longo tempo com as diversas formas de teste. (BdB – Imagine um mundo sem Bugs no Software)

Por fim, um dos slides afirma “Test is dead. Don’t take it literally, but take it seriously.”, traduzindo, “Teste está morto. Não leve isso literalmente, mas leve a sério.”. Logo, a palestra é uma alerta e não uma simples afirmação arrogante, que se julga acima de todos nós. Uma apresentação, que vale a pena ser vista com atenção, e que nos deve levar a refletir sobre os caminhos, que estamos seguindo, as oportunidades de aprendizado e de mudança que podemos levar a nossa área. Sejamos o agente dessas mudanças.

P.S. Todas as imagens utilizadas estão nos slides da apresentação, disponível aqui.